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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Em Homenagem a Camões

          Luís Vaz de Camões foi, sem dúvida nenhuma, o maior poeta que Portugal já teve a honra de contemplar. Como símbolo nacional e figura de grande prestígio que é actualmente, ainda é incompreensível para algumas pessoas como pôde um poeta tão genial ter tido tão pouco conhecimento no seu tempo. Assim, fazemos-lhe agora uma homenagem final, através de um poema (da nossa autoria), onde recordamos o quão fantástico este poeta foi para Portugal e o impacto que teve no país. Esperamos que gostem.



Mil e um poetas geniais
Na grandiosa História estão imersos
Um deles se ergue, porém entre os demais:
Luís de Camões, glorioso mestre dos versos.


Louvores, pois a Camões,
Que tanto honrou Portugal!
Porque de uma pessoa tão simples e frugal,
De um nobre que nunca viveu em mansões,
Surgiu uma tamanha e tão bela escrita
Que por nós sempre haveria de ser bendita.


Venham os aplausos ao poeta
Por se ter dedicado a tão santa vocação
Renegada pela sociedade, injustamente,
Talvez por ser tão mágica e secreta
ou por dizer respeito ao coração.
Naquela altura ficou pois bem assente
Que haveriam castigos de sobra
Para aqueles que em versos quisessem fazer obra.


Porque ser poeta é ter o dom de criação
Utilizando apenas a imaginação.
É semear versos num vaso de inspiração
E colher as estrofes após a magia germinação.
É ver uma flor a desabrochar
Fugindo depois para não ver murchar.
É poder chegar a qualquer lugar
Sem um único passo dar
(porque um poeta, para se movimentar,
não precisa sequer de caminhar).


Ser poeta é ser como Camões
Que por ter sido amado e glorificado
Se vê agora (e sempre) imortalizado
Por suas grandes e divinas acções.


E ainda mais célebre ficou
Na viagem de Macau, tão discutida
Pela coragem e determinação que mostrou
Ao proteger a obra de uma vida.
Pois nadando entre ventos, ondas e água gelada
Salvou Camões uma obra que vivia a ser sagrada.


D´ Os Lusíadas falo eu,
A maior prenda nos deu.
Aquela em que gritava os portugueses
Mais a viagem de tantos meses
Que nos elevou acima dos deuses.
Sempre tivemos prometida
A recompensa divinal 
De ter a eterna vida
No místico mundo oriental.


Então por fim, a Índia alcançámos,
(vitória que sempre celebrámos).
E não só pela nossa História
(por sinal cheia de glória)
Como também pela força e a demonstrada coragem
Demos pois proveito à viagem.
Deste modo atirámos outras coroas
Para a sombra do povo português
E graças à força de ilustres pessoas
Altamente nos elevámos, não pela última vez.


Assim conseguiu Camões sua fama
Através de tão pura e bela escrita.
Afastou-se então, por fim, da lama
O poeta que em nós não morre, mas ressuscita.


As letras que ele escrevia, que flamejantes!
Jóias de deleito de deuses, pessoas e almas errantes.
As suas palavras, a água pura e fluida
Que num mágico regato, desaguam na própria Vida.
Seus versos, altas montanhas imponentes
Não escaladas, mas admiradas pelas gentes.
E seus poemas, aves sem asas que se erguem no ar
Para, surda e silenciosamente, começarem a deslumbrar.


Tal poeta aqui desfilou
E todo o vasto futuro alterou.
Por tão grande figura que terá sido
Nunca deverá temer o Olvido.


Poeta assim tão grande e activo
Por sua tão própria e única singularidade
Ganha o direito à imortalidade e ao pecado da vaidade.
Porque nunca fumou um cigarro pensativo
Nem passou ninguém para a barca da Glória.
Nunca criou um mundo de feitiçaria alternativo
Em que criaturas e feiticeiros passeiam com ar altivo.
Foi pois um poeta conservado na memória,
Pelo jeito, arte e talento invejado
E namorado, cego e naufragado
Cantou os portugueses com o engenho da pena,
Engenho que o empurrou várias vezes para cena.


Gritemos pois Luís de Camões,
Guerreiro que sem a espada e o broquel,
Mas com a pena e o papel
Elevou Portugal acima das outras nações.
Assim, pelo quanto nos gritou outrora
O honramos nós agora.
O homem que encantou gerações:
Camões, Luís Vaz de Camões.

(Poema escrito por André Gonçalves)

Entrevista a Camões

          Os dados disponíveis acerca da vida de Luís Vaz de Camões são muito escassos. Pouco se sabe sobre a sua vida e a sua personalidade. No sentido de diminuir um pouco a aura de mistério relativa à vida de Camões, simulámos uma entrevista com o poeta português, e procurámos deduzir as suas respostas com base no que sabemos sobre ele. Achamos que essas respostas não estarão muito longe daquilo que ele poderia ter dito...
           Eis, então, o vídeo com a entrevista a Luís Vaz de Camões:


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Luís Vaz de Camões

Contexto Histórico
            Luís Vaz de Camões viveu no século XVI, época de mudança em Portugal, fortemente marcada pelos Descobrimentos e pela chegada dos portugueses à Índia por mar. Neste século, Portugal, sem dúvida um país liderante na expansão, obteve muitos territórios ultramarinos em diversos continentes, tais como na África (Ceuta, Tânger, Arzila, etc.), na Ásia (Diu, Goa, Calecute, Ormuz, Macau, etc.) e na América (Brasil). Assim sendo, Portugal tornou-se um dos maiores centros de comércio do mundo e uma grande potência económica. Chegavam ao país com frequência grandes quantidades de milho, feijão, tomate, batata, mandioca, cacau, ananás, tabaco, animais, especiarias, chá, café, arroz, cana-de-açúcar, milho-miúdo e novas árvores e plantas. Assim, Portugal era um dos países mais prestigiados do mundo.
            Por outro lado, a Europa passou também, nos séculos XIV, XV e XVI, por um intenso movimento de renovação das letras e das artes conhecido como Renascimento. Esta nova corrente de pensamento, surgida na Itália, caracterizou-se por grandes mudanças na mentalidade da população. Surgiu o Humanismo, movimento cultural em que o Homem se passou a debruçar mais sobre si e os seus problemas, que se caracterizou pela passagem do Teocentrismo (“Deus no centro do mundo”) para o Antropocentrismo (“O Homem no centro do mundo”), e pela alteração das actividades do Homem, que passou a praticar exercício físico, cultivar a vida em sociedade, ansiar pela fama, ter curiosidade por todas as coisas, possuir uma fé inabalável no espírito crítico e a não recear afirmar-se entre os demais (Individualismo). Predominou também o Classicismo, caracterizado pela adoração dos ideais da antiguidade Greco-Latina. Essa nova visão influenciou a arquitectura, a pintura e a escultura do século XVI, e foi também dentro dessa mentalidade que Camões escreveu a maioria das suas obras, tendo-se até inspirado em obras de Homero (poeta grego da antiguidade), como a Odisseia e a Ilíada, e de Virgílio (poeta romano clássico), como a Eneida.
            Assim, com tudo isto, desperta-se uma nova fé nas capacidades da razão humana e em novos ideários culturais e políticos, aprofunda-se o conhecimento do mundo, transforma-se a sociedade, que passa de fundamentalmente agrária, baseada na troca directa, a capitalista e mercantil, incrementando-se o recurso à moeda, que conduz à acumulação de capital, desenvolvem-se os acessórios técnicos, aplicados com destaque na construção de embarcações e instrumentos náuticos, exercitam-se novos métodos de investigação científica, desenvolve-se a medicina e o conhecimento do organismo humano, procurando-se novos meios para combater as doenças, assiste-se ao aparecimento da imprensa e formula-se uma atitude crítica em relação à Igreja (com Erasmo e Lutero).

Biobibliografia

          A Vida de Camões
            Existe uma grande incerteza no que toca à vida de Luís Vaz de Camões. Consta que terá nascido por volta do ano 1524, em Lisboa, apesar de alguns historiadores afirmarem que é natural da Galiza (e que só depois se terá deslocado para a capital). Crê-se que Camões pertencia à pequena nobreza, apesar de ter vivido a maior parte da sua vida pobremente. Era filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá Macedo.

            O local onde Camões terá feito os seus estudos é incerto. Apesar de não haver nenhum documento que prove que ele tenha andado pela Universidade de Coimbra, algumas pessoas acreditam que ele tenha passado por lá, dado que estudou obras de autores conhecidos do Renascimento, tais como de Homero (“A Odisseia” e “Ilíada”) e de Virgílio (“Eneida”), e devido aos conhecimentos raros que possuía. Porém, certos historiadores põem a hipótese de Camões ter estudado no Mosteiro de Santa Cruz (também em Coimbra), por influência do seu tio, D.Bento, que era prior do mesmo, teoria que é mais aceitável. Assim, o local dos estudos de Camões é mais um dos imensos factos desconhecidos acerca da sua vida; sabe-se, contudo, que tirou o curso de Humanidades.

            Em 1542, Camões troca os seus estudos em Coimbra pela vida na corte de D.João III, que passou a frequentar, aproximando-se assim do monarca. Começa assim uma vida boémia (dedicada aos prazeres da vida), em que se envolve em vários desacatos, agindo com imprudência e inconscientemente. Nesta fase da sua vida, sofre também muitos desgostos amorosos, que o acabam por levá-lo a pedir ao rei D.João III que o deixe embarcar numa expedição a Ceuta, para ir combater os mouros no norte de África. O monarca considera a proposta e, devido à falta de combatentes, aceita. Deste modo, Camões entra para as batalhas da Expansão. É numa destas batalhas que perde o seu olho direito, já com muita sorte de não ter morrido. Regressa então a Lisboa.
            Em Lisboa, retoma a sua vida boémia e leviana. É aqui que, segundo se diz, começa a escrever “Os Lusíadas”, a obra que lhe veio a dar grande parte da fama que tem. Envolveu-se novamente em desacatos, acabando desta vez por ferir gravemente Gonçalo Borges, um funcionário do Paço, em 1552. Em consequência, Camões é preso, sendo libertado alguns meses depois sem cumprir a sua pena na totalidade, graças a uma carta régia de perdão (devido à sua proximidade a D.João III). No entanto, Camões ainda é punido pelo monarca, que o envia para Goa, na Índia, juntamente com uma armada portuguesa. Durante a viagem, Camões conhece diversas civilizações e culturas, que lhe fornecem muitos conhecimentos e inspiração para as suas obras. Em Goa, Camões executa certas tarefas para o Governo português, participa em expedições e combate em batalhas, tudo isto em paralelo com a escrita d’Os Lusíadas.
           Neste período no Oriente, Camões participa numa expedição a Macau, onde vive em condições terríveis (chegando até, segundo o que se diz, a viver numa gruta). É aqui que escreve a maior parte da sua obra “Os Lusíadas”. Na viagem de regresso a Goa, a nau em que viaja naufraga, na foz do rio Mecon, e Camões, lutando para salvar a sua obra “Os Lusíadas”, já terminada, consegue chegar a Goa. Algum tempo depois, Camões é preso em Goa, devido a acumulação de dívidas. Só sai da prisão passados vários anos. Quando isto acontece, procura regressar a Portugal, de modo a publicar “Os Lusíadas”. Para tal, pede ao Vice-Rei D.Francisco Coutinho, com quem travou amizade, que o autorize a voltar para o país, e ele assim o faz. Camões prepara-se então para regressar a Portugal.

            Camões parte de Goa, fazendo escala em Moçambique durante dois anos. Em Moçambique, Camões vive na miséria e passa por muitas dificuldades. É aí que é ajudado por Diogo Couto, um velho amigo, que lhe paga a passagem para Lisboa. Chega à capital em 1569, onde é esperado pela sua mãe. Publica “Os Lusíadas” em 1572, que dedica a D.Sebastião, rei de Portugal naquela altura. Com a publicação, o monarca atribui-lhe uma pensão anual de 15.000 réis, mas, esta é paga de forma irregular, o que leva o poeta a viver em decadência financeira até à sua morte. Consta até que Camões chegou a comer graças a favores de amigos em diversas ocasiões. Assim, viveu miseravelmente na fase final da sua vida.

Camões morreu a 10 de Junho de 1580, em consequência de uma doença cardiovascular. Este dia, negro para a História de Portugal, foi considerado feriado nacional (Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas). Morreu extremamente pobre, tanto que o seu funeral foi pago por uma instituição de caridade, a Companhia dos Cortesãos. O seu epitáfio foi escrito por Gonçalo Coutinho, e dizia o seguinte: “Aqui jaz Luís de Camões, Príncipe dos Poetas de seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu.” Camões encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

A Obra de Camões
Como o maior poeta português de todos os tempos, Luís Vaz de Camões é autor de diversas obras memoráveis, tanto de lírica como de teatro, entre as quais:
Lírica:
  • Os Lusíadas” (data de publicação: 1572) - Sem dúvida a obra mais importante de Camões, é uma epopeia em que se exaltam os feitos heróicos dos portugueses num estilo elevado;
  • Amor é fogo que arde sem se ver”  (data de descoberta: 1595);
  • Eu cantarei o amor tão docemente”  (data de descoberta: 1595);
  • Verdes são os campos”  (data de descoberta: 1595);
  • Que me quereis, perpétuas saudades?” (data de descoberta: 1595);
  • Sobolos rios que vão”  (data de descoberta: 1595);
  • Transforma-se o amador na cousa amada”  (data de descoberta: 1595);
  • Alma minha gentil, que te partiste”  (data de descoberta: 1595);
  • Sete anos de pastor Jacob servia”  (data de descoberta: 1595);
  • Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”  (data de descoberta: 1595);
  • Quem diz que Amor é falso ou enganoso”  (data de descoberta: 1595).
Teatro:

  • El-Rei Seleuco” (data de descoberta: 1587);
  • Auto de Filodemo” (data de descoberta: 1587);
  • Anfitriões” (data de descoberta: 1587).

          Eis agora alguns vídeos sobre a biobibliografia de Camões:







            Referências:

            Vídeos: